Vamos de problematização, por favor!
Qual o interesse em saber que
expectativas positivas acerca do processo de formação universitária e pessoal um
estudante possui, nas primeiras semanas, cursando uma graduação na Universidade
Federal do Sul da Bahia? Ou ainda, com o que essa pergunta contribui para o
desenvolvimento da instituição, do discente e do docente, do curso ou do
componente curricular Universidade e Sociedade nos próximos tempos?
Pois bem, franca e pessoalmente,
vejo pouca produtividade no objetivo dessas indagações. A ideia de romantizar o
ingresso ao ensino superior (não dizendo, nesse ponto, que as questões
orientadoras afirmam essa abstração, mas, como mais a frente abordarei, acabam
implicando, sob algumas circunstâncias, nisso) é como pensar um garfo sendo
raspado numa panela vazia e, consequentemente, produzindo um daqueles sons nada
agradáveis. Isto é, imaginar o ensino superior e as suas instituições de
concepção como, indiscutivelmente, a única oportunidade para o crescimento
pessoal e profissional, configurando um espaço repleto naturalmente por pessoas
e ideias nascidas e pensadas para te auxiliar na construção de um bem maior e melhor,
é meio tedioso e distante da realidade. Obviamente, no entanto, trata-se de uma
forma rápida, prática e eficaz de atribuir sentido a essa reflexão, visto que
dizer que se é aguardada, de maneira genérica, a consolidação de grandes
ensinamentos e amizades merecedores da eternidade na sua cabeça e no seu
coração é bem mais agradável do que, por outro lado, se perguntar como se
produz a relação de comparação entre ensinamentos, mantendo um bem mais
posicionado do que outros, e qual é a legitimidade prática do eterno.
Entretanto, como prometido, não
se pode afirmar que questões, como as orientadoras dessa postagem, indicam
necessariamente uma visão mega otimista de seus autores sobre qual é o papel da
universidade e de que forma essa muda vidas. Nesse contexto, é completamente
aceitável que se façam perguntas como: “Como você pode avaliar sua experiência
até o momento na UFSB?” ou “Quais são os pontos positivos da universidade que
você considera necessários para sua formação pessoal e acadêmica?”. Porém, o
grande problema desse processo indagatório que busca dos discentes respostas
relativamente importantes para que a experiência acadêmica e a maneira como
eles se adaptem sejam melhores é quem o faz e qual é a circunstância do ato. Ou
seja, quando se refere a uma conversação informal ou a um diálogo
horizontalizado, no qual não exista a intenção de avaliar o conteúdo das
respostas e reflexões do estudante que experimenta da universidade, ou mesmo
quando se trata de uma pesquisa proposta ao alunado com iniciativa interna ou
externa à instituição, não existe, no meu ponto de vista, nenhum problema.
Nessa perspectiva, no caso contrário, são encontrados muitos, puramente porque
qualquer outro cenário e qualquer outra pessoa, percebido o conjunto de funções
e contextos possíveis dentro de uma instituição pública de ensino superior, implica
em um texto resposta romântico acerca do auxílio que a UFSB proporciona na
formação acadêmica e pessoal de um indivíduo.
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