Representação simbólica: a morte projetada em 3D
Segundo o Mapa da violência 2015, em
2013, 13 mulheres morreram por dia pelo fato de serem mulheres. A cada 7,2
segundos uma mulher sofre de violência física no Brasil, de acordo com o
Instituto Maria da Penha [1]. 2.904 casos novos de feminicídio
ingressaram na Justiça Estadual do país em 2016, totalizando 13.498 casos
tramitados, enquanto apenas 3.573 sentenças foram decretadas, isto é, 26,47% do
total [2].
Tais vergonhosas estatísticas,
compiladas pelo Estadão e pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), delimitam o
cenário de repreensão ao gênero feminino no Brasil. Nesse sentido, a construção
artística da obra apresentada no último dia 15 de maio de 2018 pelos discentes
Eugênio Daniel, Istael Borges, Ingrid Loyola e participação especial de Patrícia
Dias (ver Figuras 1 e 2) baseou-se
fortemente pela violência e morte estruturais, simbólicas e gradativas de 51,4%
da população brasileira [3].
Figura 1 – Discentes realizadores da obra. Imagem
capturada por Allyson Peres em 15 de maio de 2018.
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Figura 2 – Discentes realizadores da obra. Imagem
capturada por Allyson Peres em 15 de maio de 2018.
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A representação em 3 dimensões do símbolo feminista sendo atingido por
uma lança, o que alude à implicação de silenciamento do movimento e de suas
principais envolvidas, as mulheres, e as instalações físicas, com a ambientação
de uma inteira sala de aula compuseram a obra (ver Vídeo 1). Houve, também, performance cênica de Istael Borges, Ingrid
Loyola e Patrícia Dias interpretativa de três grupos de mulheres violentadas, as
gestantes, as brancas e as negras.
Vídeo 1 – Parte computacional do trabalho.
Vídeo de autoria dos discentes.
O símbolo em 3D foi construído no
programa Paint 3D, incluso no próprio Sistema Operacional Windows 10. As cenas
que fizeram o vídeo que integra a obra foram produzidas a partir da ferramenta
de captação de imagens e vídeos da tela do computador Camtasia 9. A edição do
mesmo vídeo se deu pelo programa editor Wondershare Filmora.
Figura 3 – Representação em 3D no Paint 3D.
Imagem de autoria do discente.
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Figura 4 – Utilização do
Wondershare Filmora na obra. Imagem de autoria do discente.
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A violência contra a mulher não ocorre
unicamente quando uma mulher é agredida, assediada ou morta por ser quem é. Repercutir
a grave problemática do feminicídio através da obra artística produzida como trabalho
final do CC PMCA implicou numa ressignificação do termo “morte”. Todas as
mulheres sofrem com as consequências e se desnaturam em vida quando os números
e estatísticas dos casos de violência crescem indiscriminadamente. A cada fita
preta que caía no dia da performance, a cada segundo, a cada hora, a cada ano,
existe vida com medo, vida com preconceito, vida com desigualdade de
oportunidade, isto é, morte.
Referências da web
[1] http://emais.estadao.com.br/blogs/nana-soares/em-numeros-a-violencia-contra-a-mulher-brasileira/
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